A segunda década de atuação do Consórcio Intermunicipal Grande ABC marcou um período de fortalecimento institucional e amadurecimento político. Após os anos iniciais de formação e estruturação, a entidade consolidou-se como referência nacional em gestão regional, ampliando sua capacidade de articulação entre os sete municípios — Santo André, São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.

O início dos anos 2000 foi marcado pela elaboração do primeiro Plano de Desenvolvimento Regional (PDR), também conhecido como Planejamento Estratégico 2000–2010. O documento reuniu diretrizes de longo prazo voltadas para integração urbana, infraestrutura, meio ambiente e geração de empregos, inaugurando uma nova etapa de planejamento coletivo no Grande ABC. A iniciativa foi resultado direto da experiência acumulada com a Câmara Regional do Grande ABC, criada em 1996 e coordenada pelo Consórcio ABC em parceria com o Governo do Estado de São Paulo, com ampla participação da sociedade civil.

O diálogo permanente com diferentes esferas de governo e setores organizados da sociedade tornou-se uma das marcas da década. Em 2003, a entidade encaminhou ao Governo Federal a chamada “Carta do ABC”, documento que sintetizou as principais demandas prioritárias da região, entre elas, a criação da Universidade Federal do ABC (UFABC), investimentos em mobilidade, infraestrutura e modernização industrial.

A ação representou um marco na defesa de políticas integradas e fortaleceu a aproximação com o governo federal, contribuindo para o debate que resultaria na criação da Lei nº 11.107/2005, que regulamentou os consórcios públicos no Brasil.

Avanços na proteção social e políticas inovadoras

Ainda em 2003, a região assistiu à implantação de um dos programas sociais mais simbólicos do Consórcio ABC: o Programa Casa Abrigo Regional. A iniciativa pioneira nasceu da articulação entre os municípios para garantir proteção e acolhimento a mulheres e crianças em situação de violência doméstica. Administrada em regime de cooperação entre as prefeituras, a Casa Abrigo tornou-se referência nacional em políticas de enfrentamento à violência de gênero, reforçando o papel do Consórcio como espaço de inovação social.
 

A década também registrou avanços significativos na educação técnica e tecnológica no Grande ABC. Em parceria com o Governo do Estado, o Consórcio apoiou a implantação e expansão das Faculdades de Tecnologia (Fatecs) na região — Mauá (2002), São Bernardo do Campo (2005), Santo André (2007) e São Caetano do Sul (2008) — contribuindo para a qualificação profissional e a diversificação econômica regional.
 

Ao fim da década, o Consórcio já era reconhecido nacionalmente como exemplo de cooperação intermunicipal e inovação institucional. Esse reconhecimento abriu caminho para um novo marco em sua trajetória. Em 2010, o Consórcio ABC tornou-se o primeiro consórcio público de direito público do país, com personalidade jurídica própria, consolidando definitivamente seu papel como instrumento moderno de governança regional.